A Cultura Colaborativa e a Grande Renúncia

O assunto “A Grande Renuncia” ou “A Grande Demissão” está entre aqueles temas inesperados causados pela pandemia. Nos EUA, entre abril e setembro de 2021, mais de 24 milhões de americanos deixaram seus empregos, um recorde de todos os tempos. No Brasil, em janeiro de 2022 quase 545.000 pessoas pediram demissão de seus trabalhos, mesmo com as incertezas do pós-pandemia. Embora o país esteja num cenário econômico ruim, com enorme desemprego, e ocasionalmente quem tem  mais oportunidades de mudar de emprego seja parte do processo, parece que algo além esta sendo percebido pelas pessoas e que fez com que se decidissem pela saída de seus empregos. Quais seriam as causas?

 

Em primeiro lugar na lista das possíveis causas encontra-se o item cultura corporativa tóxica (*), um dos mais fortes indicadores de insatisfação e que leva as pessoas a pedirem demissão. Entre os principais elementos que contribuem para as culturas tóxicas se incluem a falta de promoção da diversidade, da equidade e da inclusão, os colaboradores sentindo-se desrespeitados e comportamentos antiéticos pela empresa.

 

Interessante que esses elementos, se formos a fundo nas questões, acabam levando aos valores que de fato são exercidos nas empresas. Falar de diversidade, equidade e reinclusão, sem que sejam tomadas medidas para que funcionem de fato, leva a um tipo de cinismo corporativo. A falta de respeito numa cultura, valor essencial, é muito pouco discutida de fato entre as partes envolvidas, imaginando-se que o que é respeito para mim deve ser aceito pelos demais, sem nem perguntar se o outro vê o mundo da mesma forma que eu. A questão ética tem a mesma dificuldade, será que os outros colaboradores vêem a ética sob o mesmo prisma do que eu?

 

Um bom antídoto é a implantação de uma cultura colaborativa. Nesse tipo de cultura parte-se de um consenso sobre valores, conseguido entre os colaboradores e seus líderes. A partir desse tipo de âncora pode-se desenvolver a integridade numa cultura, elemento chave para se desenvolver um ambiente autentico e motivador, que é o antídoto para que culturas toxicas não prosperem dentro das empresas. Um ambiente autentico gera significado, permite a influência de opiniões e estimula autonomia dos colaboradores.

 

Dá uma olhadinha no site inputz.net.br, se tiver curiosidade de como isso pode ser feito.   

 

(*) Donald Sull, Charles Sull e Ben Zweig

sloanreview.mit.edu/article/toxic-culture-is-driving-the-great-resignation/