Sob este tema, qualidade da relação, muita coisa pode ser considerada. Poderíamos falar da qualidade da relação entre pais e filhos, entre irmãos, entre casais, entre família, entre amigos, etc. Contudo, quase nunca se ouve falar da qualidade da relação entre líder e liderados. Parece que o espaço destinado a essa relação só permite comando e controle, manipulações, seduções, domínio, e por aí vai. E, se por acaso, fossemos medir a qualidade que deveria existir entre esses dois seres: do liderado e do líder?
A exemplo de outras relações, como um casal por exemplo, é até fácil perceber que a evolução das finanças, das alegrias, da educação, e até do destino de cada um depende de como o casal se relaciona. Principalmente de elementos subjetivos, tais como os valores que norteiam essa relação, da visão de mundo do casal, da hierarquia de prioridades que eles estabelecem, de quem serão amigos ou não e até de como educarão os seus filhos. Que, por sua vez, estarão minuciosamente atentos, observando qual é a qualidade da relação entre seus pais. Se eles discutem na frente dos filhos, se eles são capazes de chegar a um consenso, se eles se gostam de verdade, se eles são generosos ou egoístas, se vêm o mundo a partir da sua ótica unicamente ou a partir de uma ótima mais diversificada. Essa é a qualidade que fará que um casal seja bem ou malsucedido nos seus sonhos de vida e na possibilidade de realizar os seus desejos.
E na empresa? Seria igual? Qual é ou deveriam ser os elementos que norteiam a qualidade da relação entre um líder e seus liderados? A exemplo de uma relação humana que se estabelece entre um casal, a qualidade da relação humana que se estabelece entre um líder e seus liderados pode fazer toda a diferença, principalmente quando se mede pelos resultados atingidos. De fato, o que faz com que alguém busque a superação, apesar das dificuldades, é essa linha ao mesmo tempo tênue e forte que regula as relações entre um líder e seu liderado. E porque agora liderado no singular, e não mais liderados, no plural? Isso porque de fato trata-se de uma relação individual entre uma pessoa líder e uma pessoa liderado, não importa quantos liderados um líder tenha sob sua liderança. A qualidade dos valores envolvidos nessa relação, a qualidade da integridade que norteia cada um, o compartilhamento da visão do líder pelo liderado, a consistência e coerência entre a palavra e as ações do líder e do liderado, tudo isso constitui uma relação individual entre esses dois seres humanos, em papeis de líder e de liderado.
Portanto poderíamos medir a capacidade de uma empresa de atingir seus resultados medindo a qualidade da relação que seus líderes têm com cada um de seus liderados. Esse é o fator subjetivo, intrínseco, e muito pouco medido que pode sinalizar resultados futuros, por mais improvável que isso possa parecer. Às vezes nos esquecemos que uma empresa é um grande sistema humano, composto por pessoas que se comprometem a atender às necessidades de outro grupo humano (mercado), e o fato é que a qualidade dessa entrega, apesar das dificuldades que aparecerão, está diretamente ligada à força dos vínculos construídos dentro desse grupo. Só grupos motivados por boas razões é que podem gerar experiências verdadeiramente memoráveis para os clientes de uma empresa.
Pergunta: alguém já ouviu falar sobre a importância da motivação intrínseca nos discursos sobre resultados das empresas? Nem eu.
